Após quase dois anos de pandemia e com a diminuição das medidas de isolamento, uma pergunta começa a surgir no meio corporativo. O trabalho presencial ainda será uma realidade? A resposta, com certeza, não é a mesma para todas as empresas e depende de muitos fatores.
Para descobrir como será a vida profissional daqui pra frente, a Robert Half, primeira e maior empresa de recrutamento especializado do mundo, realizou um estudo sobre o trabalho remoto e o futuro do trabalho.
De acordo com Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half, as vidas “mudaram como resultado da COVID-19, incluindo onde, como e quando trabalhamos. Os empregadores e suas equipes têm demonstrado bastante habilidade em operar a partir de diferentes localidades. Por isso, haverá lições importantes aprendidas que guiarão a relação de trabalho no futuro”.
O estudo revelou que 67% dos entrevistados entenderam que é possível trabalhar em casa e 49% deles disseram que encontraram um equilíbrio maior entre o trabalho e a vida pessoal. A pesquisa foi feita com 800 profissionais brasileiros.
Ainda segundo o estudo, 86% dos entrevistados gostariam de trabalhar remotamente com mais frequência do que antes da pandemia. Por outro lado, 45% acreditam que será mais difícil construir relacionamentos fortes com colegas se as equipes não estiverem no mesmo prédio.

“A nossa produtividade na empresa não caiu com o início do trabalho 100% remoto, porém a interação entre a equipe era mais orgânica e fluida presencialmente”, conta Jéssica. “Recentemente, tivemos a oportunidade de retornar ao escritório para trabalhar um dia inteiro juntos, no mesmo espaço, e a experiência foi muito positiva. O contato humano faz falta e o brasileiro, de modo geral, gosta disso”, completa.
O modelo híbrido é a solução?
O trabalho híbrido é um modelo no qual se alternam os dias em home office e os dias presenciais no escritório. Essa forma não é novidade no mundo e tende a ganhar força no pós-pandemia. Seria esse o modelo ideal de trabalho para um futuro próximo?
Francisco Almeida, diretor administrativo-financeiro do Instituto de Pesquisa e Tecnologia (ITP), acredita que, dentro de um contexto geral, a pandemia potencializou o que já existia. “Nas empresas que já utilizavam o modelo híbrido de trabalho, ele foi aprimorado e deverá ser estimulado daqui pra frente; já as empresas nas quais o modelo foi adotado apenas por obrigação, estas devem acabar optando pelo modelo 100% presencial”, explicou.
Algumas empresas já conseguiram tomar essa decisão. O Construtor de Vendas é uma delas. Kelli Passos, gestora de Gente e Cultura da empresa, elaborou e realizou pesquisas com a equipe até chegar à conclusão final. “Na pandemia, aprendemos muito sobre capital humano, portanto, a decisão pelo modelo híbrido foi tomada em conjunto com nossos colaboradores. Com esse modelo de trabalho, acreditamos que é possível assegurar a qualidade do resultado final e o bem-estar de toda a nossa equipe”, explicou.
A verdade é que não existem modelos certos e nem errados quando falamos de trabalho remoto, híbrido e presencial. Cada empresa e empresário decidirá o que se encaixa melhor com os objetivos do seu negócio. Mas, uma das coisas que a pandemia conseguiu mostrar foi que o modelo remoto de trabalho é aplicável em qualquer tipo de negócio.
“Muitas pessoas acreditavam que no setor de vendas o trabalho presencial era algo obrigatório e essencial para o sucesso da empresa, porém, desde 2020, o maior percentual de crescimento em vendas é no e-commerce, que são as vendas virtuais”, apontou Francisco Almeida.
Os números ratificam o que o diretor do ITP informou. Só nos três primeiros meses de 2021, foram realizadas 78,5 milhões de compras online – um aumento de 57,4% em comparação ao mesmo período do ano passado que resultou em um faturamento de R$ 35,2 bilhões (72,2% a mais do que em 2020). Os dados foram levantados pela Neotrust.